O Pico do Frade de acordo com informações de Hélio Graciano, ubatubense amante das histórias caiçaras, o “Pico do Frade” é um dos mais elevados de Ubatuba, com duas saliências pontiagudas, está entre os bairros do Horto Florestal e o Perequê-Açú. A face do morro que é voltada para o bairro do Perequê-Açú é de formação acústica que proporciona uma grande ressonância nos ecos, repetindo-se por várias vezes e que a cada repetição, o som muda de direção.
A razão deste fenômeno é por conta de que a formação é constituída por rochas de granito verde e de uma pedra que tem uma consistência de um ferro, vibrando igual a um sino, fazendo assim com que muitas pessoas que residem longe da localidade consigam ouvir latidos de cães, galos cantando e gritos de outras pessoas. Já na outra face, do lado do bairro do Horto Florestal, ao sopé do pico tem um pequeno morro chamado de “Morro da Pipoca”, que no seu topo se forma uma bacia. Próximo desse lugar, quando foi aberta a Rodovia Oswaldo Cruz, no trecho da serra, centenas de escravos trabalharam em sua pavimentação com pedras do rio que eram lavradas e cortadas, um trabalho muito penoso exigindo um esforço físico muito grande que os levava à morte. Seus corpos eram trazidos e sepultados no “Morro da Pipoca” pelos próprios escravos sobreviventes, que protegiam as covas com pedras, afastando assim muitos caçadores que ali apareciam.
A denominação de pico como sendo “Pico do Frade”, tem relação com o mistério de lendas e superstições da época em que o Padre José de Anchieta ficou prisioneiro nas terras de Iperoig. Dizem que os Tupinambás em tempos da Confederação dos Tamoios, costumavam se reunir em volta de um morro de dois picos na evocação de proteção aos seus deuses para uma grande batalha da confederação. Dizem ainda que o alemão Hans Staden publicou em seu livro, que de passagem pela aldeia Iperoig, encontrou com um frade espanhol que fez daquele pico o seu reduto para se abrigar, escondendo-se de corsários franceses, ingleses e de outros índios mais selvagens, perigosos que o pretendiam matar, denominando-se assim “Pico do Frade”.
Fonte: Hélio Graciano, Livro "Ubatuba, Espaço, Memória e Cultura".
Fotos: Dalmir Graciano